terça-feira, abril 06, 2010

Voltar...


Primeiro senti assim uma espécie de dor profunda no meu peito.
Pensei que não havia ninguém para agarrar as minhas inseguranças.
Depois sonhei. Foi algo assim estúpido. Um sonho parvo onde eu apenas abraçava pensamentos tristes e apercebia-me que não precisava de algo para ficar feliz. 
Estava presa aos sentimentos que fingi e descobri que a minha maior fraqueza era o meu único ponto forte.
Pensei: "Ei oh palerma. Estás a ser emocional mas mesmo assim não te importas."
Então comecei a gritar do mais profundo abismo da minha mente.
Acordei de um só impeto.
Levantei-me e busquei forças para me olhar ao espelho.
Os círculos negros à volta dos olhos já se começavam a notar, no entanto, o choque de ver o meu reflexo desfigurado no espelho foi o que mais odiei.
Odiei pelos dramas que fazia, mesmo em sonhos conseguia ser uma idiota e mentirosa.
Sim, porque eu tento ser forte mas isso é apenas um reflexo, uma imagem projectada. Uma máscara.
Pensei que tão cedo não quebraria a promessa mas o meu coração não aguentou mais.
Se foi da pressão não sei, se foi de algum desgosto, de alguma dor, de alguma pessoa... Não sei.
Só percebi que o que estava à espera era daquele momento.
O momento em que finalmente choraria sem preconceitos.
Pensei que o facto de as reter me faria crescer de alguma forma.
Apenas o medo me levou a pensar assim. Será que tentar sentir mais dor me tornou nisto?
"Não faz mal chorar sabes?"
Este pensamento fez-me parar de chorar.
Não intencionalmente, mas tinha-me sentido melhor quando me apercebi da veracidade daquelas palavras.
Chorar é benéfico. É um escape aceitável, mesmo que nos fizesse sentir vazios e em carne viva por dentro;
não deixava de ser melhor do que acumular mágoa provocada pelo facto de não expressarmos as nossas emoções.
Senti-me assim mais leve. Não é preciso fugir mais. Não é preciso esconder nem mais um pouco dos meus receios.
Estava com medo da verdade, cansada das mentiras. Descobri que eu sou eu graças a tudo isto.
Não sou nenhuma super-heroína que vence todos os obstáculos. Só precisava de me libertar.
Apenas necessitava de me voltar a encontrar.

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